Nova geração aprende sobre educação financeira mais cedo nas escolas.

31/03/2013


Segundo pesquisa do Banco Mundial, 63% dos jovens que tiveram as aulas pouparam pelo menos uma parte de sua renda, contra 59% dos alunos que não tiveram a disciplina.

 

Manaus - João Guilherme Soares Mota tem poupado dinheiro há um ano para pagar por uma viagem a São Paulo e, quem sabe, comprar um carro. O que não seria nada de mais, se não fosse pelo fato de João ter apenas quatro anos de idade e o carro desejado ser de brinquedo.

O menino faz parte de uma geração que tem acesso à educação financeira na escola, o que, de acordo com especialistas, ajuda a preparar jovens mais conscientes e empreendedores.

Um estudo do Banco Mundial, com base no Projeto Nacional de Educação Financeira no Ensino Médio, apontou que a inclusão da disciplina na grade curricular resultou na melhora do comportamento financeiro dos alunos. Segundo a pesquisa, 63% dos jovens que tiveram as aulas pouparam pelo menos uma parte de sua renda, contra 59% dos alunos que não tiveram a disciplina.

O Grupo Literatus CEL oferece a disciplina de Educação Financeira desde o ano passado para seus alunos da educação infantil. “A inclusão desta matéria foi muito bem recebida pelos pais. E as crianças levam o que aprendem para casa, começam a conversar com os pais sobre economizar, ter um cofrinho”, conta a coordenadora do Ensino Fundamental da instituição, Estephanie Souza Queiroz.

De acordo com a educadora, entre os que estão iniciando a alfabetização, as aulas tem contribuído também para facilitar a compreensão sobre os números.

A professora Nilena Soares Mota percebeu o desenvolvimento na percepção econômica de seu filho, João Guilherme, 4, logo nos primeiros dias do curso. “Ele chegou em casa somando e começou a identificar as moedas. Aí passamos a dar as moedas do troco para ele e desde então, ele guarda tudo no cofre, diz que está juntando para visitar a madrinha em São Paulo”, conta.

Em casa

Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon/AM), Marcus Evangelista, quanto antes for iniciado o contato, melhor. “A educação financeira tem que começar dentro do lar. Você ensina a criança a entender o valor do dinheiro e tem que fazer isso desde cedo, ensinar que ela vai ter que juntar para poder ter o que quiser. Pois é muito mais difícil mudar um adulto depois”, afirma.

Segundo o presidente da empresa DSOP, especializada em educação financeira, Reinaldo Domingos, este tipo de orientação na escola é fundamental para garantir um futuro economicamente viável. “Somente com isso, poderemos efetivamente desenvolver uma nova geração de pessoas e famílias que serão sustentáveis financeiramente”, assegura.

Nilena Mota afirma que depois que passou a ter as aulas, o filho ficou mais compreensivo e participativo em relação à administração financeira da casa. “Quando a gente menciona que não dá para comprar determinada coisa naquela hora, ele entende e não questiona mais. Para a gente, facilitou muito”.

No ano passado, João Guilherme comprou o primeiro brinquedo pago exclusivamente com suas economias. Por ironia, um cofre de brinquedo. O dinheiro reunido ao longo de 2012 ainda não é suficiente para a passagem de avião que ele tanto quer, “mas já dá para pagar a taxa de embarque”, brinca a mãe.

Cultura da poupança é pouco valorizada

De acordo com uma estimativa recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que considerou as 50 principais economias emergentes do mundo, o Brasil ficou na 30º posição entre os países que mais poupam dinheiro. Isso significa que, enquanto no Catar, país mais “econômico” entre os pesquisados, a poupança doméstica equivale a 56% do Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil este segmento não representa mais que 20%.

“O brasileiro poupa pouco, mas na Região Norte é pior. As pessoas gastam tudo o que tem e se esquecem de que é preciso pensar no amanhã”, observa o deputado estadual Tony Medeiros.

Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB), em 2012, o estoque de dinheiro em poupança na Região Norte foi o equivalente a apenas 2,89% da carteira nacional. No Amazonas, o valor poupado responde por 0,65% deste montante, que foi de R$ 496 bilhões.

Por este e outros motivos, Medeiros apresentou no ano passado o Projeto de Lei, 193/2012, que visa tornar obrigatória a inclusão da disciplina de Educação Financeira em toda a rede pública do Estado. Para o deputado, fornecer este tipo de educação à população de baixa renda pode aumentar as chances destes jovens de ter sucesso financeiro no futuro.

“Saber administrar o próprio dinheiro, com certeza, é uma ferramenta para sair da pobreza. Vivemos em um País empreendedor e precisamos incentivar esta juventude empreendedora”, afirma.

A pesquisa do Banco Mundial mostrou que a porcentagem de alunos do Ensino Médio com intenção de poupar e planejar melhor seus investimentos passou de 48%, antes das aulas de educação financeira, para 53% depois do curso.

De acordo com o deputado, a proposta deve entrar na pauta da Assembléia Legislativa do Amazonas em dois meses.

Consultoria começa com sonho de bicicleta

Aos 12 anos, Reinaldo Domingos mudou-se para a capital paulista com sua família. Para realizar o sonho de comprar uma bicicleta, algo que não podia ser dado pelos pais, passou a trabalhar e economizar ao máximo.
“Aí eu aprendi que podia realizar todos os meus sonhos com algum planejamento e este ensinamento eu venho trazendo desde então”.

Em 2008, da vontade de passar a lição aprendida adiante, o empresário fundou a DSOP, que traz no nome a metodologia da empresa para ensinar economia: Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar.

Atualmente a empresa fornece material didático e capacitação de professores para sete colégios de Ensino Fundamental de Manaus. A DSOP possui ainda programas de educação financeira voltados para famílias, casais e até para empresas.

“Temos um programa de educação para colaboradores de empresas, que começa com a aplicação de um teste, para verificar o nível de endividamento. A partir disso, descobrimos o percentual de pessoas endividadas e iniciamos um treinamento que leva de seis meses a um ano e que conta com a participação da família do colaborador”, explica.

Segundo Domingos, muitos trabalhadores só percebem a gravidade de sua situação quando realizam o teste. O custo do programa completo é de R$ 180 por colaborador. “E os benefícios para a empresa e seus funcionários é enorme: aumento de produtividade, saúde física e auto estima”, conta. Os programas e cursos oferecidos podem ser consultados no site da empresa (www.dsop.com.br).

‘Poupançudos’ da Caixa são estímulo

A Caixa Econômica Federal realizou no ano passado o projeto ‘Poupançudos nas Escolas’ de educação financeira em 164 escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental do País. No Amazonas, o banco estima que cerca de cem crianças participaram da programação, que incluiu palestras sobre a importância do dinheiro na vida das pessoas, como poupar e sobre os limites financeiros.

“O objetivo é apresentar conceitos de educação financeira e estimular o saudável hábito de poupar, contribuindo para a autonomia dessas crianças no futuro”, afirmou o Diretor Executivo de Pessoa Física da Caixa Econômica Federal, Édilo Valadares.

A assessoria de comunicação da Caixa informou que o projeto continuará este ano, com previsão de início em abril. Mas os colégios que receberão o curso ainda não foram definidos.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL/Manaus) também oferece palestras gratuitas sobre educação financeira para jovens e adultos, na Universidade de Tecnologia do Varejo.

“Temos 600 jovens estagiando no comércio e todos passam pelo treinamento de educação financeira, para que não entrem na malha do Serviço de Proteção do Crédito (SPC)”, afirma o presidente da instituição, Ralph Assayag. Para mais informações, consulte o site da CDL/Manaus (www.cdlmanaus.com.br).


Fonte:
http://www.d24am.com/noticias/economia/nova-geracao-aprende-sobre-educacao-financeira-mais-cedo-nas-escolas/83224





Depoimentos

"Fiquei muito satisfeito com iniciativa de compartilhamento de conhecimento desenvolvido pela professora Olivia sobre o tema da alimentação adequada/ saudável."


Guilherme Gomes - Professor Aposentado - participante da Palestra: Aproveitamento Total dos Alimentos - da Teoria à Prática.

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