Brasileiros estão tomando empréstimos para quitar dívidas anteriores

07/03/2016


Em meio a um cenário de corrosão dos salários, muitos brasileiros estão tomando empréstimos para quitar outras dívidas, inclusive empréstimos tomados anteriormente para pagar contas.

 

Um levantamento feito pela Enova, empresa global de serviços financeiros, mostrou que, em um ano e meio, dobraram as solicitações com o objetivo de quitar outros empréstimos em aberto. Eram 14% do total em julho de 2014, saltando para 30% em dezembro do ano passado. Foram analisados mais de 91 mil pedidos de crédito.


— No primeiro semestre de 2015, observamos um aumento de pedidos para o pagamento de contas atrasadas, passando de 30% para 40% do total. Foi um sinal de que a renda familiar já não estava sendo suficiente para cobrir as despesas domésticas. E, no segundo semestre, o percentual de pedidos destinados a pagar empréstimos em aberto dobrou. Eram 15% em julho de 2014, atingindo 30% em dezembro passado — explica Rafael Pereira, diretor da Enova no Brasil, que atua no país desde 2014 oferecendo crédito on-line.

 

Preferência por dinheiro vivo


A interpretação, segundo Pereira, é que, após tomar empréstimos para continuar pagando as contas, mesmo assim muitas famílias não conseguiram equilíbrio no orçamento e acabaram atrasando seus compromissos.


— O ano passado foi muito difícil em termos de diminuição da renda disponível das famílias. Além da inflação de quase 11% corroendo os salários, os juros subiram, assim como os preços. Tudo isso pesou — explica o economista Flávio Calife, da Boa Vista SCPC.


O estudante Geovani Melo se complicou com o cartão de crédito, ficou com o orçamento apertado e decidiu atrasar as parcelas da faculdade de Psicologia, que cursa em São Paulo. Em dezembro, tomou um empréstimo de R$ 4,5 mil para quitar a faculdade e evitar a inadimplência.
— Tive de cortar vários gastos depois de adicionar mais uma despesa fixa ao meu orçamento — conta ele.


Além disso, o economista-chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi, observa que os consumidores estão tomando empréstimos nas linhas que oferecem dinheiro vivo, como por exemplo o consignado, em vez de buscar linhas para compra de veículos ou outros bens duráveis.


De acordo com dados do Banco Central divulgados na semana passada, em janeiro as concessões feitas no consignado atingiram R$ 8,9 bilhões, volume praticamente estável em relação ao mês anterior. Já as concessões para a compra de veículos somaram R$ 5,5 bilhões, uma queda de 22,2% frente a dezembro.


— Há uma retração geral na procura por crédito, mas as linhas destinadas a bens duráveis e carros estão caindo mais. Endividado, o consumidor não quer entrar em financiamentos longos. Ele procura empréstimos como o consignado para tapar os buracos do orçamento doméstico — diz Rabi.


Estudo da consultoria Tendências mostra que a renda dos brasileiros disponível para consumo encolheu em 2015 e vai diminuir ainda mais este ano, em vista de um cenário de desemprego, inflação e juros elevados. Segundo a Tendências, os brasileiros vão perder R$ 280 bilhões de seu poder de compra entre 2015 e o fim deste ano.

 

Temor de bola de neve


Pereira, da Enova, explica que a plataforma utilizada pela empresa funciona como uma ferramenta de análise de crédito e permite saber para qual finalidade o cliente está solicitando o empréstimo. Segundo ele, a empresa está mais seletiva ao conceder crédito, para evitar elevar a dívida de quem já está encalacrado:
— Somos criteriosos nesses casos. Não queremos que a dívida daquela família se transforme em uma bola de neve.

 

Fonte: Extra





Depoimentos

"Fiquei muito satisfeito com iniciativa de compartilhamento de conhecimento desenvolvido pela professora Olivia sobre o tema da alimentação adequada/ saudável."


Guilherme Gomes - Professor Aposentado - participante da Palestra: Aproveitamento Total dos Alimentos - da Teoria à Prática.

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