No início do mês de abril participei de quatro palestras sobre Educação Financeira

Para os funcionários da Casa da Moeda do Brasil com o Gestor Carlos Eduardo Batalha da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência.

A Casa da Moeda do Brasil tem funcionários trabalhando em quatro turnos de seis horas. São tantos funcionários que nessas quatro palestras, com o auditório lotado (250 lugares), só a metade conseguiu assistir, ficando a outra para o mês de setembro.

Combinamos que minha participação seria de meia hora e que meu depoimento poderia ser igual ao que dei na comemoração dos três anos da Escola de Educação Financeira. No meu depoimento eu falava da fase já superada do endividamento e como eu aproveitara os cursos da EEF.

Quando acabamos a primeira palestra, várias pessoas nos cumprimentaram, mas nossa preocupação foi com a contagem de votos que havia na saída do auditório. As opções eram: "Ótimo", "Bom", "Regular" e "Ruim". Para minha surpresa haviam quatro votos na opção "Ruim".

Tivemos um intervalo entre as palestra e tive tempo de modificar minha participação e para nossa satisfação, a opção "Ruim" tinha um voto.

Dia seguinte, um carro nos pegou às cinco horas, chegamos com antecedência, tomamos o café da manhã e conversamos com o organizador do Workshop e ele nos explicou que os funcionários gostariam de saber como me endividei.

Resumidamente contei "Minha história".
Desde criança mantive o mesmo comportamento: Poupava e gastava.
Casei e já com filhos, quando me enrolava, meus pais me socorriam.
Até que há mais ou menos 15 anos, com os filhos já casados, ainda me surpreendia com a chegada do IPTU, IPVA, seguro do carro... meu filho mais velho me socorria e me explicava que deveria poupar mensalmente um valor que cobrisse essas despesas anuais.

Como tinha meu ganho certo, doava sem fazer conta e pensava que sabia planejar...
Cheguei num ponto de endividamento que nem vendendo o carro eu conseguiria sair do buraco. Tinha cinco cartões de crédito e vários empréstimos bancários. Para pagá-los, utilizava o cheque especial e os proventos. Minha sorte foi nunca ter utilizado a cilada do pagamento mínimo da fatura nem seu parcelamento. Coloquei minhas joias no "prego", como chamávamos naquela época o Penhor da Caixa Econômica Federal. Eu não sabia quanto ganhava nem quanto gastava, trabalhava em dois colégios e recebia minha aposentadoria como funcionária pública federal.

Minha irmã cobriu o valor de minha dívida e mesmo assim continuei utilizando o cheque especial. Então, meu filho combinou que assim que eu entrasse no cheque especial ele cobriria. Alguns meses depois, com a orientação e ajuda monetária dele associado à psicanálise, consegui voltar a receber meus proventos integralmente e, desde então, leio muitos livros e acesso sites na área de Educação Financeira.

Descobri a Escola de Educação Financeira quando frequentava as atividades do Rioprevidência Cultural. Ao passar pela rua Professor Manoel de Abreu a pequena placa da Escola se avantajou aos meus olhos e comentei com meu marido: Esta é a escola dos meus sonhos!

Ao repetir vários cursos com intuito de acompanhar familiares e amigos fixei as informações recebidas. Cortei todas as atividades e me dediquei a organizar melhor uma planilha que fazia há anos e só mostrava o "zero" a "zero" de minhas finanças. Levei meu marido para a Escola, com isso a relação dele com o dinheiro melhorou e hoje em dia temos uma poupança conjunta.

Houve uma fase em minha vida que resolvi me reciclar, voltei para faculdade e antes de me formar já estava trabalhando na área e neste período de faculdade desempenhei uma multiplicidade de papéis: esposa, mãe, dona de casa, profissional e estudante, carregando a cobrança de ser perfeita em tudo, querendo sempre dar mais atenção aos filhos... lembrava sempre de "Todas as Vidas" de Cora Coralina:
Vive dentro de mim / uma cabocla velha...
Vive dentro de mim / a lavadeira do Rio Vermelho...
Vive dentro de mim / a mulher cozinheira...
Vive dentro de mim / a mulher do povo...
Vive dentro de mim / a mulher roceira...
Vive dentro de mim / a mulher da vida...
Só agora percebi que poderia acrescentar mais uma vida que há dentro de nós, mulheres:
Vive dentro de mim / a mulher economista.
Está sempre acompanhada de "Mulheres em Ação"
Faz "Planejamento Financeiro Pessoal"
Exerce “Cidadania Financeira”
Faz sua “Gestão de Finanças Pessoais”
Sempre atenta diz para si:
"Organize suas Finanças" e faça "Orçamento Familiar"
Tem "Dúvidas sobre Dívidas"?
Verifica com a psicóloga os "Aspectos Psicológicos do Endividamento".
Fica "Por Dentro do Mercado Financeiro";
Investe no "Tesouro Direto";
Sabe tudo de "Contratos Bancários e Superendividamento";
Entende o "Mercado de Capitais e a Atuação da CVM";
Estuda "Matemática Financeira";
Sabe como "Investir em Ações";
Participa do "Educar Master";
Qualquer dúvida consulta o "Doutor Finanças"
Se alguém precisa de orientação jurídica, ela diz: —"Fale com o Defensor"
Incentiva os jovens a participar do "Educar Teen";
E indica suas amigas para o "Educar Família".
Agora sim, podemos terminar "Todas as Vidas" como Cora Coralina terminou:
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera das obscuras.
Ao terminarmos as palestras desse segundo dia, olhamos o marcador e as opções "Regular" e "Ruim" estavam zeradas.

Até me aposentar, trabalhei em um órgão público com as edificações e funcionários muito parecidos com os que eu estava convivendo no momento. Senti-me entre amigos.

Num misto de emoções senti humildade para contar meus problemas, solidariedade ao falar como os resolvi e alegria ao perceber que a plateia me considerava uma pessoa como elas, com as mesmas dificuldades e muita perseverança para superá-las.



lucia_borges   Lucia Borges

Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência
Analista de Sistemas e Professora de Informática - aposentada
luz.borges@gmail.com



Depoimentos

"Fiquei muito satisfeito com iniciativa de compartilhamento de conhecimento desenvolvido pela professora Olivia sobre o tema da alimentação adequada/ saudável."


Guilherme Gomes - Professor Aposentado - participante da Palestra: Aproveitamento Total dos Alimentos - da Teoria à Prática.

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