Estamos no primeiro dia de janeiro de 2014, é exatamente 0h15 min.

Eu e meu marido acabamos de cear e fizemos algumas simpatias, recordando o tempo que passávamos com meus pais. Como em todo ano, meus compromissos se encerraram em dezembro. Renovo matrículas, faço inscrições na EEF, incluo novos projetos aos antigos e elaboro meu Planejamento Anual nos moldes que aprendi no Coaching Financeiro da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência.
Herdei de minha mãe retalhos de tecidos, rendas, brocados. Ela faleceu há mais de dez anos, e com toda minha boa vontade não consegui aproveitar nem um por cento do que ela me deixou. Fotos, livros e discos também ficaram por muito tempo esperando para serem aproveitados. Este ano que passou foi o ano da "redenção", consegui doar livros para bibliotecas, LPs para colecionadores, e com novos relacionamentos na UNATI (UCAM-Méier), senti que muitas alunas têm habilidade para artesanato, costura, podendo aproveitar cada peça que estava parada em meu ateliê esperando por mim. Doei e estou muito mais leve. Aprendi com minha mãe que sempre tem alguém esperando por alguma coisa que não estamos usando mais.
Meu último compromisso do ano foi muito agradável. Eu e meu marido fomos ao aniversário do neto de uma amiga, e na festa encontramos pessoas que não víamos há algum tempo, conversamos sobre diversos assuntos. Um deles foi compras em viagens: como algumas pessoas ficam tão alucinadas com as promoções que chegam a esquecer seus entes queridos em plataformas de metrô em terra estrangeira.
A festa foi dia 29. No dia 30 voltei minha atenção para a planilha anual que havia começado. No mês de dezembro nossa vida saiu da rotina com a visita de nossos netos, e os gastos foram bem maiores, apesar da ajuda de custo de meu filho, que não foi pouca. Quisemos compensar o tempo que ficamos longe, pois eles moram em outro Estado, e proporcionamos umas férias com muitos mimos e almoços nos restaurantes que eles escolhiam.
Aumentei o limite que me permito gastar no cartão de crédito, porque fiz algumas compras parceladas e diminuí o valor que deposito na poupança por seis meses, tempo suficiente para pagar o que devo. E o aumento que terei em minha aposentadoria a partir de janeiro, irá todo para poupança. Consegui me programar para 2014.
Ao ler diversos textos sobre passagem de ano, achei a "RECEITA DE ANO NOVO" de Carlos Drummond de Andrade e não concordei muito com ele, porque gosto de tudo que ele criticou. Gosto de "beber champanha ou qualquer outra birita..., preciso expedir e receber mensagens,... Fazer lista de boas intenções...".
Escolhi para mim o texto escrito por Mario Quintana:
"No ano passado...
... Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem... Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraordinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas...
Metáforas são para aproveitar em versos...
...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.
Iniciar o ano de 2014 escrevendo esta crônica me deu muita alegria e esperança. Foi uma experiência nova que me fez recordar tudo que vivi nesse ano que passou.
Senti que amanheci para uma nova etapa de minha vida.
Desejo a todos um Ano Novo repleto de alegrias.

Lucia Borges Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência Analista de Sistemas e Professora de Informática - aposentada luz.borges@gmail.com