
Tenho certeza que represento a maioria das pessoas que passaram por aqui e conseguiram sucesso
Aproveito este evento em que comemoramos dois anos de criação da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência para contar com grande satisfação minha história financeira.
Só para constar, eu já estava com este depoimento pronto quando recebi do meu filho um SEDEX com o livro "Terapia Financeira", de Reinaldo Domingos. Surpreendi-me ao ler o capítulo "Mapeie seu DNA Financeiro". Li, preenchi a árvore genealógica que vai até meus bisavós e fiquei tão pensativa que peguei lápis de cores para pintá-la. Ele manda analisar o comportamento de nossos antepassados para descobrirmos o papel do dinheiro em nossas vidas e se nosso endividamento tem origem ou não no modo como eles lidavam com o dinheiro.
A partir disso, comecei a pensar no meu passado e me lembrei de comentários que ouvia de algumas pessoas antigamente. Eles costumavam dizer que a minha família perdeu muito seu poder aquisitivo após o casamento dos meus pais.
Lembro quando eu era adolescente, meu pai decidiu fazer uma grande reforma em nossa casa. Ele era bem comedido e a obra parou e andou muitas vezes por causa do dinheiro. Ele era bem diferente da minha mãe, pois, ao analisar hoje a situação daquela época, percebi que ela não lidava bem com dinheiro. Penhorava sempre suas joias na Caixa Econômica Federal e fazia empréstimos no banco que eu trabalhava. Ela sempre achava uma maneira de ganhar dinheiro: fazia abajour, bonecos de pano e vendia as frutas do sítio para os vizinhos.
Ao relembrar o comportamento dos meus pais, tive a primeira lembrança de como lidava com dinheiro quando era criança. Eu recebia mesada de CR$1,00 por dia e juntava por três dias quando queria comprar Chicabon na carrocinha que passava na rua em que eu morava. Segundo Nelson Rodrigues, eu tenho alma e sorte. Ele escreveu na peça "Viúva, porém honesta" que "é preciso alma até para chupar um Chicabon" e que "sem sorte não se chupa nem um Chicabon. Você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha".
Outra lembrança que veio a minha cabeça foi que, aos dez anos, peguei uma lata de Neston vazia e comecei a juntar dinheiro para conhecer a Itália. Passado um tempo, tive a noção de como demoraria para realizar tal sonho e resolvi presentear minhas avós, pais, irmãos e empregada. Lembro que comprei uma canequinha parecendo um barrilzinho marrom para minha avó, brinquedos para meus irmãos e não me lembro de ter comprado nada para mim. Minha poupança acabou.
Este comportamento durou até minha idade adulta: Poupava e gastava.
Casei e, depois, já com filhos, quando me enrolava, meu pai me socorria.
Passaram-se mais ou menos 15 anos, meus filhos já estavam até casados e eu ainda me surpreendia com a chegada do IPTU, IPVA, seguro do carro, etc. Meu filho mais velho me socorria e me explicava que deveria poupar mensalmente um valor que cobrisse essas despesas anuais.
Até que cheguei num ponto de endividamento que nem vendendo o carro eu conseguiria sair do buraco. Tinha 5 cartões de crédito e vários empréstimos bancários. Para pagá-los, utilizava o cheque especial e os proventos. Minha sorte foi nunca ter utilizado a cilada do pagamento mínimo da fatura. Coloquei minhas joias no "prego", como chamávamos naquela época o Penhor da Caixa Econômica Federal. Meu marido "controlava" meus gastos. Eu não sabia quanto ganhava nem quanto gastava, trabalhava em dois colégios e recebia minha aposentadoria como funcionária pública federal.
Meu filho se espantou porque não havíamos feito nenhuma despesa que justificasse tamanho rombo no orçamento familiar. Minha irmã cobriu o valor de minha dívida e mesmo assim continuei utilizando o cheque especial. Então, meu filho combinou que assim que eu entrasse no cheque especial ele cobriria. Alguns meses depois, com a orientação e ajuda monetária dele associado à psicanálise, consegui voltar a receber meus proventos integralmente e, desde então, leio muitos livros e acesso sites na área de Educação Financeira.
Lembro bem do primeiro livro que li sobre o assunto, chamava-se "Talento", de Glória Maria Garcia Pereira. Ele veio com uma moeda que dei para meu neto quando ele era criança dizendo que trazia sorte. Este livro dizia que os Bens que possuímos e geram despesas deveriam ser analisados.
Tinha dois terrenos, um na praia, que além de pagar ITR e condomínio ainda tinha que pagar uma taxa à Igreja Católica pelo uso, e outro no interior. Resolvi vender e dei o dinheiro para meus filhos.
Já no ano passado, li "Como gastar sem culpa e investir sem erros," de Mara Luquet. Foi uma leitura leve, prazerosa. O livro é bonito e cada capítulo conta um pouco de sua viagem, quando percebi já havia assimilado conceitos sobre o tema e comecei a pensar em investir.
Em janeiro deste ano, completei um ano de frequência na Escola de Educação Financeira do Rioprevidência.
Descobri a Escola quando frequentava as atividades do Rioprevidência Cultural. Ao passar pela Rua Professor Manoel de Abreu, a pequena placa da Escola se avantajou aos meus olhos e comentei com meu marido: esta é a escola dos meus sonhos!
Ao repetir vários cursos com intuito de acompanhar familiares e amigos fixei as informações recebidas. Cada aula é diferente porque a didática utilizada permite aos alunos o compartilhamento de experiências.
Quando entrei para a Escola continuava com o mesmo comportamento de quando era criança: poupava e gastava tudo.
De abril a julho de 2012, cortei todas as atividades e me dediquei a organizar melhor a planilha que fazia há anos e só mostrava o "zero" a "zero" de minhas finanças. Trouxe meu marido para a Escola, com isso a relação dele com o dinheiro melhorou e hoje em dia temos uma poupança conjunta.
Em maio, resolvi viajar com a família de meu filho para Disney, como a previsão de embarque era dezembro, comecei a pagar todas as despesas e juntar dinheiro para comprar dólares.
Em julho, viajei com o meu marido. Aos poucos me permiti voltar a algumas atividades.
Em novembro, me surpreendi! Sem perceber, tinha dinheiro para comprar os dólares que precisava. Fiz uma viagem de 15 dias para Disney, passei o Natal com meus familiares em outro estado, completando 25 dias fora do Rio de Janeiro e, o mais interessante, com dinheiro na poupança suficiente para comprar um presente para mim que estava programado para fevereiro de 2013 sem comprometer a meta para realização de um sonho de curto prazo.
Posso afirmar, sem susto, que só aos 65 anos, consegui alcançar estabilidade financeira e começar a frequentar os cursos desta Escola visando investimentos.
Gosto de lembrar uma frase que o professor Marcelo Fresteiro falou no Curso Dúvidas sobre Dívidas:
"Trabalhamos oito horas por dia para ganhar dinheiro e não queremos utilizar 10 minutos de nosso tempo para planejar como gastá-lo".
Citando meu exemplo: "Trabalhei 30 anos para me aposentar e aprendi aqui, na Escola, a planejar diariamente como gastar o que ganho."
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Lucia Borges Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência |
Depoimentos
"Fiquei muito satisfeito com iniciativa de compartilhamento de conhecimento desenvolvido pela professora Olivia sobre o tema da alimentação adequada/ saudável."
Guilherme Gomes - Professor Aposentado - participante da Palestra: Aproveitamento Total dos Alimentos - da Teoria à Prática.