Se tenho dez horas para cortar a árvore vou passar nove horas afiando o machado

Provérbio

A Arte de Negociar!

Estou impressionada como mudanças em minha vida puderam ocorrer depois dos 65 anos. Nunca estive na "inércia", sempre procurei me atualizar e melhorar meu comportamento, mas, uma coisa que sempre me incomodou foi presenciar uma negociação, achava que o negociador estava querendo "se dar bem", "passar o negociante para trás". Nunca pensei em ter atitude como a deles, achava que era humilhante.

Há quase três anos, comecei a frequentar a Escola de Educação Financeira do Rioprevidência e minha visão sobre o assunto mudou. Tenho feito, neste período muitas negociações. Minha família está admirada com meu sucesso e já participaram de alguns cursos e palestras na EEF.

Minha irmã mais nova tem me pedido algumas orientações na hora de comprar e vender imóveis, carros... A última consulta que ela me fez foi porque precisava fazer dois implantes dentários.
Aconselhei que deixasse o dentista dar os valores, a forma de pagamento e depois ela perguntaria quanto ficaria à vista e fosse para casa analisar se era vantagem tirar o dinheiro da poupança.

Ela trouxe para mim os valores e pedi ajuda a meu filho. Ele me explicou, estudamos juntos com o auxílio da Calculadora do cidadão do Banco Central (http://www.bcb.gov.br/?calculadora) e verificamos que o valor à vista era vantajoso e informei-a qual decisão deveria tomar.

Chegou o dia de sua consulta e na hora de pagar ela, perguntou cheia de cuidados, dando liberdade ao dentista de não concordar, se poderia pagar o preço à vista em uma parcela como entrada e a outra no mês vindouro... Ele aceitou! Fiquei muito feliz com a atitude dela: Também está aprendendo a negociar.
No início deste mês, meu filho mais velho, que já vinha me incentivando a trocar meu carro por um novo com ar condicionado e direção hidráulica, insistiu para que eu efetuasse logo a troca e sugeriu algumas opções.

Comecei então a pensar em como iria me organizar na questão do dinheiro para não me descapitalizar. Não poderia comprar um carro todo equipado à vista. A proposta dele, desde o início, era de pagar a diferença para equipá-lo, eu não queria aceitar, mas não resisti e acabei aceitando.
Comecei a fazer os test drives nos carros que selecionamos e finalmente eu e meu marido optamos pelo que era melhor para nós. Aí comecei a negociação.

No carro que dei de entrada, consegui que melhorassem a avaliação, porém, o carro que estava comprando, é lançamento e não havia como negociar o preço, então ganhei em acessórios. Liguei para o vendedor diversas vezes e com muita desenvoltura (fiquei admirada comigo mesma) senti muito prazer em negociar e sem pressa fechamos negócio ontem, dia 30.

Acho Mario Quintana um sábio! No poema "Seiscentos e sessenta e seis" ele consegue definir o transcorrer de nossas vidas com muita sabedoria, sinto vontade de assinar embaixo:

A vida é uns deveres que trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas: há tempo...
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem “um dia”, uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre em frente... E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

Como é bom sentir que o tempo passa rápido, mas se soubermos aproveitá-lo vamos "deixando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas".

Agradeço a Escola de Educação Financeira por mais esta "arte" que aprendi:
Arte de Negociar!
O que antes achava humilhante, aos 67 anos acho fascinante!

Lucia Borges Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência Analista de Sistemas e Professora de Informática - aposentada luz.borges@gmail.com