Nas aulas da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência comentamos muito sobre as "compras por impulso".

“O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado”.
Clarice Lispector

Ontem, conversando com meu filho, verifiquei que muitas vezes faço "compras por medo", claro que o impulso foi utilizado subliminarmente.

Dos muitos compromissos que assumi para este final de ano, um deles foi uma audição de piano no dia 29 deste mês. Meu piano deu defeito no final de outubro e o técnico que faz a manutenção já fez duas visitas e sem resolver o problema, na última deixou o piano "desdentado"! Quando vi a situação, sem pesquisar preço, liguei para a loja que costumo comprar e o vendedor veio trazer um teclado com as características do piano que preciso para estudar.

Por medo de não cumprir o compromisso assumido e desejado por mim, comprei-o parcelado em cinco vezes, o desconto à vista não valia a pena.

O grande pretexto da compra, além da audição foi que poderei levá-lo para o sítio e estudar quando lá estiver. Fiz a compra do teclado no final de outubro e só hoje, uma semana depois, estou analisando meus erros:

Primeiro e mais grave, soube, em consulta com o representante em São Paulo, que a prática de deixar o piano no estado que o técnico em manutenção deixou o meu, só é utilizada quando levam para oficina, no meu caso, ele deveria deixá-lo montado. Só o pedal não ficaria utilizável.

Segundo, não pesquisei preços nem modelos, confiei no vendedor da loja que costumo comprar, principalmente pelo comodismo dele trazer em casa.

Terceiro e ainda mais grave que o primeiro, este mês tem, além das despesas normais, a primeira parcela do décimo terceiro dos empregados.

Outro erro de "comportamento financeiro" verifiquei na palestra "Seguro de Garantia Estendida" que, assisti na Escola de Educação Financeira do Rioprevidência, embora tenha feito o seguro dos móveis que comprei e esteja precisando de reparos, ainda não utilizei, correndo o risco de vencer o prazo...

O medo que estou sentindo hoje comparo ao que sentíamos, eu e meu marido, nos anos da hiperinflação da década de 80. Quando ele comprava um item da despensa por um preço elevado e encontrava o mesmo com preço mais baixo, comprava e tirava a média para não se sentir tão lesado. Sabemos que era errado, mas... O medo da inflação era mais forte que nós!

O medo é necessário para termos uma vida equilibrada! O que preciso é ficar atenta aos riscos e "cabeça fria" para utilizar meu aprendizado e experiência na luta pelos meus direitos.

Estou consciente que compraria o teclado para o sítio, pois tenho pensado nisso desde que recomecei meus estudos de piano, o que vou fazer, a partir de hoje, com mais afinco é verificar meus direitos e exigir que os prestadores de serviços tenham mais profissionalismo e não abusem no descumprimento de seus deveres. Telefonei para São Paulo, comuniquei a falha do técnico e já agendei uma visita para ele montar o piano mesmo antes da chegada das peças que virão do Japão.

Luz Borges Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência Analista de Sistemas e Professora de Informática - aposentada luz.borges@gmail.com