Perdi meu "sonho de consumo" e fiquei muito feliz

Já comentei que estive utilizando o "volume morto", não do Sistema Cantareira, mas, de minha poupança.

No domingo passado, preocupada com minha vida financeira, revi minha planilha e procurei onde poderia cortar gastos... O II Workshop UNATI - UERJ e as atividades que frequentei este ano na Escola de Educação Financeira foram bem enfáticos ao dizer que devemos fazer escolhas...

Na segunda-feira minha empregada chegou dizendo:

— Dona Lucia, quero minha liberdade, quero escolher onde vou trabalhar e em que dia... Trabalhando aqui não tenho feriados...

Foi a providência Divina...Aceitei na mesma hora e comecei a rascunhar uma carta de demissão para ela escrever de próprio punho e estava trabalhando nos cálculos da demissão quando ela chegou e disse:

— Quais os dias da semana que a senhora quer que eu venha para fazer a faxina? Se a senhora, em alguma semana, precisar de mais um dia eu faço um preço mais barato...

Respondi que queria terças e quintas e logo depois disse que ficaria sem ninguém no mês de maio. Pelos cálculos, duas vezes por semana, sem descontar os 8% do INSS e os 6% da passagem, ela conseguiria faturar mais do que o salário e meio que eu pagava...

Antes de assinar a carteira, fiz os cálculos e mostrei a ela as vantagens que o contrato de trabalho traria, fora a faxina que ela fazia e ganhava de minhas irmãs e sobrinhas...
Ela voltou para a cozinha e não passou 10 minutos, se arrependeu. Aí eu disse que não teria volta...

Na revisão que fiz, em meu planejamento, pude observar que não tenho necessidade de uma mensalista, por isso fiquei feliz com o pedido dela, porém, para mim, até o momento a empregada não seria um gasto que eu cortaria.

Há profissionais de salão de beleza que migram para empregadas domésticas, trabalham alguns meses, recebem a rescisão do contrato e voltam para o salão de beleza de onde saíram.

Minha nora contou que diversas amigas comentaram que contratam as empregadas e poucos meses depois elas pedem para sair porque o que recebem, na rescisão, vale a pena. Embora no caso da demissão sem justa causa, se possa descontar delas o aviso prévio, nós empregadores, ficamos receosos de permanecer com a pessoa insatisfeita por mais um mês e acabamos não descontando.

Gostei do texto do livro "A elegância do ouriço" de Muriel Barbery,: "O desejo! Ele nos transporta e crucifica, levando-nos cada dia ao campo de batalha onde na véspera perdemos mas que, ao sol, nos parece novamente um terreno de conquistas, nos faz construir ...".

O desejo de ter uma mensalista já passou, foi bom enquanto durou! Hoje estou me sentindo mais dona de minha casa, arrumando os armários e as gavetas à minha maneira e com mais liberdade financeira para ter novos desejos e fazer novas escolhas!
 

Lucia Borges Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência Analista de Sistemas e Professora de Informática - aposentada luz.borges@gmail.com