
"Casamento"
... A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
...
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
https://www.youtube.com/watch?v=U8H53KYqcxk
Minha vizinha e amiga há 43 anos morreu!
Foi uma grande perda para todos nós, moradores do prédio antigo do bairro suburbano, onde, como numa cidade do interior, todos se conhecem e são solidários.
Os filhos, passado o luto, começaram a esvaziar o apartamento e tentar vender o que não iriam aproveitar.
Assim que me chamaram, gostaria de comprar um grande armário em mogno, mas já havia sido prometido para outra vizinha pelo valor de R$2000,00. Fiquei até feliz, pois, apesar de gostar muito da peça, não teria coragem de pagar o valor pedido.
Passado alguns meses, o apartamento quase vazio, um dos filhos veio para finalizar a mudança e comentou que a vizinha não ficou com a peça porque era muito grande para o espaço que tinha.
Fiquei feliz e ele disse estar disposto a negociar, então perguntei quanto ele queria.... Ele pediu que eu fizesse uma oferta. Propus, sem muita certeza R$1000,00, ele aceitou na hora e disse que eu poderia levar o quarto completo (armário duplex de cinco portas, mesinhas de cabeceira e cama). Fiquei encantada!
Continuamos a conversar e ele precisava de uma cama Ortobom que, segundo ele, custava quase R$1000,00, como eu tinha uma e precisava arrumar espaço para o "novo" quarto, ofereci a cama por R$200,00! Mais alegria, ele levou na hora. Com isso, o valor a ser pago ficou em R$800,00 mais a cama.
Meu marido ficou assistindo a negociação e quando entramos em casa me elogiou, disse: — Viva a Escola de Educação Financeira, que bela negociação!
Esta foi a primeira parte do "evento". O dia seguinte, meu aniversário, passamos esvaziando o armário velho, com ajuda do faxineiro, e arrumando espaço para o "novo" que chegou a seguir. Começamos a montá-lo. Como nos divertimos. Os encaixes perfeitos e o armário foi tomando forma... de vez em quando parávamos para tomar um suco ... Ele em cima da escada e eu passando as peças ... depois a cama, como eram bem feitos os móveis antigos!
Enquanto trabalhávamos, lembramos do quarto de nosso primeiro filho, compramos moveis de segunda mão e o motivo do quarto foi Mônica e Cebolinha, afinal, há 45 anos, não sabíamos o sexo do bebe, no máximo tirávamos um RX para saber a posição.
No poema "Casamento" de Adélia Prado, essa CUMPLICIDADE que só os amores de verdade têm, me emociona. Não havia cheiro, vísceras, sono, havia amor.
No meu caso com meu marido, não sentimos o peso das peças em mogno, a poeira dos móveis parados há muitos meses nem o cansaço, havia entre nós as lembranças de 48 anos incompletos de casamento com altos e baixos, mas, sempre prevalecendo o respeito e a cumplicidade.
Para concluir a crônica conto que o pagamento foi tirado da poupança conjunta e já agendamos depósitos de 10 parcelas de R$100,00 para cobrirmos o gasto e ganharmos "juros" de R$200,00. Eu e meu marido sentimos que a Escola de Educação Financeira foi um marco em nossas vidas. A parceria na parte financeira fortaleceu os laços que nos unem em todas as áreas de nossa vida.
Obrigada a todos os funcionários, voluntários, parceiros da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência que nos proporcionam um aprendizado eficaz para o consumo consciente.
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Luz Borges Aluna da Escola de Educação Financeira do Rioprevidência
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Depoimentos
"Fiquei muito satisfeito com iniciativa de compartilhamento de conhecimento desenvolvido pela professora Olivia sobre o tema da alimentação adequada/ saudável."
Guilherme Gomes - Professor Aposentado - participante da Palestra: Aproveitamento Total dos Alimentos - da Teoria à Prática.