Mesada não é só dinheiro! Leia mais sobre os tipos de mesadas e como ensinar seus filhos a lidar melhor com suas finanças

04/11/2015


Mesada não é só dinheiro! Para o educador financeiro e presidente da Dsop, Reinaldo Domingos, os primeiros anos de vida são o momento ideal de começar a aprender a lidar com recursos monetários.


"É nessa época, quando os pequenos ainda não estão alfabetizados, que a educação financeira deve ser introduzida no universo infantil", diz o autor em seu livro "Mesada não é só Dinheiro".
No livro, Domingos fala sobre oito tipos de mesada, que vão além da tradicional entrega mensal ou semanal de dinheiro. São elas:

 

1. Voluntária
É o dinheiro que os pais costumam dar às crianças de forma aleatória, seja para comprar doces, um brinquedo pequeno, um sorvete. Normalmente, a relação com o dinheiro é eventual até os sete anos, quando a criança percebe que precisa de dinheiro para realizar seus sonhos. A mesada voluntária deve então ser interrompida para dar lugar à mesada financeira.

 

2. Financeira
É o dinheiro dado à criança para que ela aprenda a administrar o que ganha. Trata-se de um valor fixo determinado pelos pais. A idade ideal para começar a dar a mesada é os 7 anos, quando Domingos sugere que ocorra a transição da mesada voluntária para a fixa.

 

3. De terceiros
O dinheiro dado por avós, padrinhos, parentes é uma renda extra que pode ser usada para ensinar os filhos a usarem esse valor para tornar mais rápida a realização de um sonho. Se o desejo é comprar uma bicicleta, por exemplo, o dinheiro pode ir para a poupança para que a compra ocorra antes do planejado.

 

4. Econômica
É a prática de economizar o máximo possível, tanto em dinheiro quanto em recursos materiais. Toda situação que gera desperdício de dinheiro, como gastar água, luz ou alimento, pode ser revertida em recurso financeiro. Desse modo, até mesmo famílias que antes não tinham condição de dar mesada por não haver sobra nos recursos financeiros, podem passar a dar.

 

5. Empreendedora
Essa mesada nasce do desejo de ganhar o próprio dinheiro, como fruto da imaginação e capacidade de criar algo que interesse a outros. Assim, a criança pode ganhar dinheiro fazendo pipas, bolinhos, vendendo desenhos... Essa atividade deve ser recreativa, leve, algo que a criança faça com prazer, e não como um trabalho remunerado em que ela se desgaste.

 

6. Ecológica
A criança não recebe dinheiro. O objetivo dessa "mesada" é a preocupação com o bem-estar do planeta. Dessa maneira, a criança deve ser incentivada a reciclar e reaproveitar diariamente. No fim do mês, pode até conseguir uma renda com o material separado.

 

7. De troca
Esse tipo de mesada ajuda as crianças a adquirirem coisas novas se desfazendo daquelas que não usam mais, sem gastar dinheiro e sem desperdiçar. A mesada de troca também funciona como uma oportunidade de exercitar o poder de comunicação e negociação entre as crianças. É possível trocar desde figurinhas até brinquedos e roupas, economizando os valores que seriam gastos na compra de novos.

 

8. Social
A criança não recebe dinheiro. Essa "mesada" tem objetivo de fazer a criança ter uma visão coletiva. Em vez de passear no shopping para gastar dinheiro, trocar pela convivência com a família em um parque, para interagir mais. Levar também a criança a visitar instituições para que aprenda a ajudar outras pessoas e a dar valor ao que possui.

O objetivo dessas mesadas é ensinar as crianças não apenas a administrar o dinheiro, mas a despertar o que ele chama de "inteligência financeira", que é "a percepção de que por trás de tudo que existe no mundo, há um dinheiro não físico que circula também".


Isso pode ser percebido quando há desperdício de recursos como luz, água ou alimentos ou mesmo quando compramos algo sem verdadeira necessidade, apenas para atender a apelos da propaganda ou simples consumismo.
Para Reinaldo Domingos, a primeira tarefa dos pais antes de começar a dar uma mesada é fazer a reeducação financeira da própria família, pois é preciso dar o exemplo.

 

Veja, a seguir, sete dicas do autor para dar mesada aos filhos.


1) A mesada é um bom instrumento para educar os filhos a lidar com dinheiro?
Sim. Por meio da mesada as crianças aprendem a administrar o dinheiro desde cedo.

 

2) Qual é a idade recomendável para iniciar a mesada?
A partir dos sete anos, quando a criança já tem habilidade e entendimento para compreender e fazer uso de alguns dos tipos de mesada.

 

3) Qual é o valor ideal a ser estabelecido como mesada?
O valor deve ser definido após a família registrar, ao longo de um mês, sem que a criança saiba, toda quantia que ela precise, incluindo lanche escolar, passeios e brinquedos. Do valor apurado, 50% devem ser destinados a uma poupança e 50% entregues diretamente à criança para seu consumo. Esse dinheiro deve ser administrado pela criança, e os pais não devem entregar outros valores.

 

4) Como falar para a criança sobre a mesada?
Quando os pais souberem o total gasto com a criança, devem chamá-la para uma conversa e explicar que ela irá receber uma mesada, pois está crescendo e chegou a hora de controlar o próprio dinheiro.
Na conversa, terá que dizer que ela deverá se organizar, para que o dinheiro não acabe muito antes de receber a outra mesada, pois não irá receber nenhum valor a mais.
Segundo Domingos, os pais também devem estimular os filhos a sonharem. "Peça que eles relacionem três sonhos que tenham, um de curto prazo (até três meses), um de médio (até seis meses) e outro de longo (acima de seis meses). Dessa forma, eles aprendem a ser menos imediatistas e que devem poupar para realizar esses sonhos", diz.
Nesse momento, os pais devem falar da existência da outra metade do dinheiro, que será usado para a realização desses sonhos. O ideal é que o dinheiro seja colocado em três cofrinhos diferentes, de acordo com os prazos.

 

5) E quem tem mais de um filho?
A decisão do valor deve ser feita de acordo com realidade de cada filho.

 

6) A mesada deve diminuir ou aumentar como prêmio ou castigo?
Segundo Reinaldo Domingos, isso é um erro "imperdoável". A mesada não deve ser associada a nenhuma atitude da criança, seja boa ou má. O dinheiro que ela recebe não deve ser associado a rendimento escolar satisfatório ou a realização de tarefas domésticas, pois isso estimularia a criança a agir pelo "toma lá, dá cá".

 

7) E se a família não tem dinheiro para a mesada?
Os valores entregues de forma aleatória para a criança já são considerados como mesada e devem ser somados. Além disso, se a família fizer o orçamento doméstico e conseguir economizar, poderá obter um valor a ser dado. A mesada deve ser adaptada a cada família.


Fonte: UOL Economia





Depoimentos

"Fiquei muito satisfeito com iniciativa de compartilhamento de conhecimento desenvolvido pela professora Olivia sobre o tema da alimentação adequada/ saudável."


Guilherme Gomes - Professor Aposentado - participante da Palestra: Aproveitamento Total dos Alimentos - da Teoria à Prática.

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